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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Parto vaginal pós cesariana

Embora já aqui tenha por várias vezes falado no tema das cesarianas, este post surgiu-me na ideia por causa de uma amiga minha. O seu primeiro parto foi de cesariana, programada, por motivos que não vou aqui explorar. Na segunda gravidez tudo estava preparado para um parto vaginal - dito normal - e que se iniciou sem problemas. Várias horas depois, mãe e bebé estavam em sofrimento, porque a dilatação estava concluída mas a mãe não conseguia expulsar o bebé. Este tentava também sair, mas algo lhe barrava o caminho. Só mais tarde se percebeu que a mãe tinha um problema físico que afecta algumas mulheres: o seu osso púbico por algum motivo fica no caminho do bebé que, mesmo descendo o canal de parto, esbarra na saliência que o impede de sair.

O que me incomoda é que tenham demorado várias horas a perceber esse problema, deixando que mãe e bebé sofressem em demasia. O bebé nasceu com marcas e equimoses - que com o tempo vieram a desaparecer - mas as marcas psicológicas da jovem mãe, dificilmente se apagarão.

Segundo alguns estudos, a cesariana tem quatro vezes mais risco de morte materna e dez vezes mais risco de morte neonatal. No caso do parto normal após cesariana, existem alguns riscos adicionais.
Se a cesariana foi feita com corte baixo, na linha do biquini, então os riscos são de fato muito baixos (corte segmentar transversal). O corte vertical (corte corporal ou segmento-corporal), pode trazer um aumento do risco de ruptura considerável.

No entanto, não encontrei estudos conclusivos que mostrem que mulheres com mais de uma cesariana corram um risco de ruptura significativamente maior que aquelas com uma só cesariana.

Após uma cesariana, o risco numa tentativa posterior de "parto vaginal é o de rotura uterina, devido aos efeitos das contracções uterinas sobre a zona de fragilidade uterina da cicatriz cirúrgica anterior."(1) Esta situação ocorre em apenas 1% dos casos e "depende de vários factores, como a duração do trabalho de parto (quanto mais longo maior o risco)"; há um risco maior nos partos induzidos e este aumenta com o "uso de estimulação farmacológica da contractilidade uterina."(1)
Por isso aqui fica este pequeno post, que nos fala um pouco dos riscos de realizar um parto normal após uma cesariana. Não que este caso tenha a ver com a cesariana anteriormente realizada, mas sim com o facto de que temos de estar alerta para possíveis complicações, sejam elas quais forem. O que aqui fica é: perguntem tudo!

Não deixem nenhuma dúvida para responder, mesmo que pareça uma pergunta estúpida!


As cesarianas podem ser de diferentes tipos:

Cesariana Segmentar Transversa - a incisão é transversal e é feita "sobre a porção inferior do útero, mais fina. É a incisão mais habitual hoje em dia."(1)

Cesariana Vertical Baixa - a incisão é feita em T;

Cesariana Vertical Alta - é um tipo de cesariana que já foi praticamente abandonada;

"No que diz respeito à morbilidade, podemos dividi-la em curto e longo prazo."(1) Sendo que, a curto prazo há o risco de hemorragia, infecção, embolia entre outros, enquanto que a longo prazo podem surgir complicações numa gravidez seguinte: placenta prévia, descolamento prematuro da placenta, rotura uterina e a "obstrução intestinal por aderências intra-abdominais."(1)

A mortalidade é "cerca de seis vezes superior à do parto por via vaginal."(1)


Bibliografia:

(1)-SARZEDAS, Susana, "Parto vaginal após cesariana", Pais e Filhos, Junho de 2005;

2 comentários:

Ana disse...

eu se tiver outro filho de certeza que vou querer outra cesariana. Nem pensar que me fariam passar por um parto normal... se a Clara tivesse nascido de parto normal poderia ter sido uma grande barraca e ainda bem que tive uma obstetra inteligente o suficiente para nem sequer tentar. Às vezes fazem-se experiências desnecessárias com as mulheres, infelizmente. De certeza que essa rapariga que descreves dificilmente (mesmo que por acaso pudesse) quereria ter outro parto vaginal. Traumatizam as pessoas sem razão... não compreendo, juro que não. Demoram demasiado a actuar
Beijinho

Elsa Filipe disse...

Neste caso em específico, existe uma alteração física que nunca a deixará ter um parto vaginal. Mas só a detectaram depois de várias horas de sofrimento. O trauma é grande quando se faz uma mulher sofrer para nada. Às vezes, é falta de cuidado e de humanismo por parte de alguns obstectras. Felizmente que há excepções.