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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Objectos de transição

Os bebés entre os 6 e os 8 meses começam a sentir a ausência dos pais e isso gera-lhes sentimentos de insegurança e ansiedade. É por esta altura os bebés começam a apegar-se a um objecto (uma mantinha, um peluche, uma fralda de pano,etc.) e que o usa em situações de desconforto tais como a ausência dos pais, o começar a frequentar a creche, ou mesmo quando se sentem doentes. Não há nada de errado com isto: afinal de contas, este objecto vai ajudar a criança a consolar-se e a sentir-se mais forte a enfrentar os desafios diários.

Este objecto é transicional porque representa um conforto para a criança, que se apega principalmente durante momentos de angústia, medo ou tristeza. Essa relação de apego é manifestada durante o primeiro ano de vida, fruto da relação que a criança criou com a mãe desde o útero. A separação desta, quando ela tem de regressar ao emprego, pode ser um corte muitas vezes brusco, abalando os pilares relacionais da criança. A mãe deixa de estar sempre ali, disponível. Falta-lhe o seu toque, ouvir a sua voz e sentir o seu cheiro quando mama ou quando está no colo. Se esta vinculação é tão importante, a separação faz parte também do crescimento da criança e deve ser encarada de frente. É como se aquela fraldinha ou cobertor fosse uma extensão do colo da mãe que fica com a criança quando ela está longe. Particularmente, é o cheiro e o toque que fazem deste um objecto tão especial e por isso as crianças não gostam que eles sejam substituídos e nem tão pouco lavados.

A criança pode escolher o objecto por conta própria, mas no geral, essa ligação é estimulada pelo pai ou pela mãe, que criam o hábito de deixar um ursinho ou uma fralda com o filho antes de eles saírem para o trabalho, por exemplo. Mais tarde, a criança carregará esse brinquedo (ou outro que tenha escolhido) para onde for. É com este ursinho ou fraldinha que ela conversa, desabafa e exercita o seu próprio imaginário. É uma relação saudável, pois ajuda a criança a sair de uma fase para outra de maneira segura e confortável.

Não há uma idade certa para que a criança se desligue do objecto de transição. Para algumas, isso acontece por volta dos 3 anos de idade e para outras, mais tarde, por volta dos 5 anos. Tal como com a chucha, ou o hábito de chuchar no dedo, largar esse mesmo hábito será mais fácil se a criança estiver preparada emocional e psicologicamente para tal. É preciso em primeiro lugar observar a criança no seu dia-a-dia, na relação com os outros, ouvi-la e conversar com ela. Acima de tudo, mostrar-se disponível e ter tempo para ela, para que a separação do seu objecto não seja vivida de forma negativa e dramática. Errado chamar-lhe de "bebé" ou obrigá-la a dar o objecto a alguém ou a colocá-lo no lixo. Seria um trauma muito grande para a criança e não faria de certo a sua função.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá. Este post vem mesmo a propósito, pois estou agora a habituar o meu menino a um bonequinho para que quando for para o infantário o possa levar e "reconhecer" a mãe e o seu ambiente nele...

Bom fim de semana