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sábado, 18 de setembro de 2010

A chegada do bebé ao Mundo

A chegada do meu bebé foi um momento maravilhoso, apesar das dores e do medo que eu tinha que algo corresse mal, mas quando o meu menino foi deitado sobre o meu peito, tudo se acalmou. Era só eu e ele, num momento irrepetível e que nunca mais se vai repetir.

"«Num parto normal, logo que o bebé é expulso é envolvido numa toalha aquecida e colocado em cima do abdómen na mãe. Nesse momento é feita a expressão das vias aéreas e a clampagem do cordão umbilical», diz Nélia Alves, enfermeira graduada da maternidade do Hospital de D. Estefânia. «Em seguida, é explicado aos pais que o bebé vai ter de ir para a mesa, sob uma fonte de calor, para não arrefecer e lhe serem prestados os cuidados iniciais»."(1)

Foi aí que mo tiraram do colinho e o levaram para ser examinado. O que se passou entretanto não sei, embora de facto saiba os testes habituais, tais como o teste de Apgar, pesagem... Pouco tempo depois estava de novo em cima de mim. Começaram a preparar-se para me coserem e logo logo o tiraram de novo para o mostrar ao papá que esperava ansioso cá fora.

Estes momentos são imprescindíveis. Para mim, foram maravilhosos e muito gratificantes. Mas há quem pense que é mais importante aquecer o bebé numa fonte de calor externa.

"Grande parte do pessoal médico e de enfermagem defende que é imprescindível manter o bebé aquecido com recurso a fontes externas. O pediatra e pedopsiquiatra Diudonné Volker tem outra opinião. «Se o bebé nasceu bem e se a mulher também se encontra bem, não há motivo para que não permaneça os minutos que sejam precisos em cima da barriga dela, evidentemente com o corpo resguardado, mas beneficiando da melhor fonte de calor que existe: a mãe.» Momentos «irrecuperáveis que vão ser determinantes para a vinculação precocíssima entre mãe e filho, que tantos efeitos terá nos tempos seguintes. A mulher precisa de começar essa ligação e é também uma grande ajuda para o bebé, cujo ambiente físico e psicológico é completamente transformado em poucos segundos, com todo o stresse que isso acarreta», advoga o médico alemão, que presta serviço no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa." "O pediatra Mário Cordeiro partilha esta argumentação. Após o parto, a natureza faz aumentar a temperatura do peito e dos braços da mãe. E isto acontece precisamente para garantir que ele não arrefece e que pode começar a conhecer quem é a sua mãe – e, preferencialmente também o pai."


É que é mesmo verdade. Pois ele ali comigo, a tocar-me, deixou-me acalmar e nem sentia tanto o estarem a coser-me naquele momento. Quando o tiraram, senti logo as picadas e a linha a passar, porque a analgesia tinha perdido o efeito e eu já estava a sentir tudo. Comecei a stressar a partir desse momento.
"Mas existem procedimentos essenciais que são possíveis de realizar, quer o bebé esteja junto dos pais, numa mesa aquecida na sala de partos – como acontece no D. Estefânia –, ou numa sala diferente daquela onde ocorreu o nascimento. É o caso do teste de Apgar, imprescindível para avaliar de forma rápida e eficaz o estado da criança que acaba de nascer. Determinar o sexo, nos casos em que ainda é desconhecido, e a observação de eventuais grandes malformações e uma primeira auscultação ao coração e pulmões são também intervenções que não dependem de nenhum posicionamento específico."

O que se passou quando ele esteve afastado de mim, não sei. Mas sei que ele voltou bem e estive descansada na sua ausensia, apesar das saudades que senti logo que o levaram dos meus braços.

Por vezes, os bebés têm de ser aspirados e não só:

"Existem enfermeiros e pediatras que, por norma, realizam a aspiração e a sondagem gástrica (ver caixa) a todos os bebés. Outros avaliam o choro e a respiração e só depois optam pelos dois, por um ou por nenhum dos procedimentos. «É uma decisão que cabe ao profissional de saúde e depende de muitos factores, entre os quais a formação de base, as convicções técnicas e a experiência», afirma Nélia Alves. Por exemplo, Diudonné Volker não é adepto da aspiração em todos os casos - «existe um sistema de auto-limpeza das vias áereas que é muito eficaz na maioria das vezes», afirma – mas considera essencial garantir que não existe «uma malformação que impeça a comunicação entre a boca e o estômago», o que é realizado por sondagem."

"Aspirados ou não, sondados ou não, todos os bebés que nascem no hospital ou na maternidade são, nos minutos que se sucedem ao parto, limpos do líquido amniótico e/ou do mecónio, através de lençóis e toalhas aquecidos, soro fisiológico ou água. Se existe risco de transmissão de doenças infecciosas, o recém-nascido é lavado antes de lhe serem ministradas gotas nos olhos e vitamina K."

Ainda não o tinha feito - há tanto em que pensar - mas tenho de agradecer ao médico que me acompanhou nesse dia, pela confiança que me transmitiu naquele momento em que me sentia tão desamparada. Nunca pensei, mas ali precisava mesmo era de alguém a segurar-me e a apertar-me para me dar forças para pôr o meu bebé no Mundo. Esse papel teve a madrinha do bebé, que conseguiu assistir ao trabalho de parto, quase sem querer. E só pensava que queria ali o meu marido ao pé de mim também para partilhar aquele momento comigo, mas como era para ser cesariana ele não podia entrar. Afinal, pouco tempo depois, o bebé surgiu junto dele, pelas mãos de uma enfermeira, para se apresentar ao papá: Aqui estou eu!



"Antes de pesar, identificar e vestir o recém-nascido, o pediatra é chamado a realizar uma observação mais pormenorizada. O médico avalia o estado do sistema nervoso, explorando os reflexos do bebé; a configuração do abdómen e o posicionamento dos órgãos internos; a flexibilidade e a mobilidade dos membros; os órgãos genitais e a região anal. «Se houver necessidade de proceder a uma acção clínica imediata, como é o caso de cirurgias correctivas ou de emergência, os momentos que se seguem à limpeza do bebé são os ideais para o pediatra tomar uma decisão que pode fazer toda a diferença», afirma o pediatra Frederico Leal, que há mais de duas décadas e meia presta serviço no D. Estefânia. Segue-se a identificação do recém-nascido, realizada através de uma pulseira de plástico, de cor rosa ou azul e – nas instituições que já possuem o sistema – a colocação de uma pulseira electrónica anti-rapto num dos tornozelos."(1)
 
No Garcia, já existe a pulseira electrónica. Só reparei nela a noite quando mudei a roupinha ao meu filhote com a ajuda de uma enfermeira. É um sistema eficaz para evitar o rapto de bebés. 
 
Bibliografia:
 
(1)-PÁSCOA, Elsa, "Os primeiros minutos do bebé", Pais e Filhos, 20 de Maio de 2010;

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