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terça-feira, 16 de novembro de 2010

O método Cangurú

Baseia-se no conceito pele com pele. É utilizado no Reino Unido, na Suécia e em Espanha, no acompanhamento de bebés prematuros, mas começou na década de 70 na Colômbia, devido à "massificação dos hospitais com uma elevada taxa de natalidade", o que "obrigava a que os bebés prematuros tivessem de dividir a encubadora, o que aumentava consideravelmente o risco de contrair infecções."(1)

A solução encontrada era enviar os bebés prematuros para casa com as mães, criando-se uma espécie de faixa "que permitia o contacto pele com pele, entre o bebé e a mãe" o que conduziu à diminuição da mortalidade dos prematuros. "Além disso, o crescimento e o amadurecimento do recém-nascido era mais rápido e a taxa de infecções era menor."(1)


No Hospital de Terragona em Espanha, utiliza-se este método desde 1995. "Estes bebés são deixados nas incubadoras até que o seu processo de maturação esteja completo, mas, pelo menos, uma hora por dia é aplicado o método cangurú, ou seja, as mães ficam com os filhos junto ao seu corpo."(1) Diminui a ansiedade e possibilita o estreitar de uma relação precoce.

Este método beneficia mãe e bebé e vem ao encontro da ideia de que os bebés que são amados precocemente e que recebem colo e atenção quando a solicitam, são bebés mais felizes, menos irritáveis, mais seguros e, posteriormente, serão também crianças mais autónomas.

"A relação emocional dos pais com o bebé (...) é o primeiro passo do desenvolvimento."(2) Pensando na extensão que este método possa ter aos outros bebés - não prematuros - prevalece a importância do contacto físico entre mãe e bebé e os benefícios que esse contacto lhes pode trazer a ambos.

São estes laços que se criam que se tornam os alicerces da autonomia afectiva. "A maior parte do tempo que o bebé está acordado devia ser passada em interacções directas cara-a-cara com a(s) pessoa(s) que cuida(m) dele ou então estarem sempre no campo de visão da criança e facilitarem com frequência a sua exploração do mundo."(2)

Assim, ao contrário do que algumas pessoas nos dizem, que os estragamos com mimos, a nossa presença é importante para o seu são desenvolvimento. "Quando estão acordados, os bebés não devem estar sozinhos."(2) Eu acredito que tudo deve ter um meio termo. Por várias outras razões, tais como a segurança, não devem estar sozinhos, mas por vezes também temos de nos ausentar da divisão onde estão. Capacitá-los progressivamente para esses periodos curtos de ausência da presença da mãe/cuidador é também importante na construção da sua segurança emocional.




Bibliografia:

(1)-SILVA, Carla Ramos, "O cordão dos afectos", Pais e Filhos, Agosto de 2000;
(2)-BRAZELTON, Berry, GREENSPAN, Stanley, "A criança e o seu mundo", Editorial Presença;

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