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domingo, 24 de outubro de 2010

As experiências-chave em Creche

São conhecidas de quem aplica o modelo High Scope, ou Aprendizagem activa, em Jardim-de-Infância. Podem ser utilizadas na prática educativa de Creche. E existem formas de as aplicar e avaliar, tal como o fazemos no Jardim-de-Infância.

As Experiências-Chave:
As experiências-chave estão organizadas em 9 domínios abrangentes da aprendizagem de bebés e crianças pequenas, sendo uma estrutura de apoio ao desenvolvimento. Ainda que interligadas, este modelo apresenta estratégias de sustentação para cada uma:

Desenvolver o sentido de si próprio – as acções com objectos e interacções com os adultos têm como suporte experiências-chave como: expressar iniciativa, distinguir “eu dos outros, resolver problemas com que se depara ao explorar e brincar, fazer coisas por si próprio, que permitem à criança “desenvolver um sentido do self.” (1).

Aprender acerca das relações sociais – O envolvimento nas experiências-chave (estabelecer vinculação com a educadora responsável, estabelecer relações com outros adultos, criar relações com os pares, expressar emoções, mostrar empatia pelos sentimentos e necessidades dos outros, desenvolver jogo social), permitem à criança confiar nela própria e nos outros. Estas interacções sociais são importantes na medida em que as “relações precoces influenciam o modo como no futuro irão abordar as pessoas.” (1)

Aprender a reter coisas através da representação criativa – As experiências-chave permitem que a criança de tenra idade actue sobre os objectos através dos sentidos e do seu corpo, construindo a partir dessas experiências imagens mentais desses mesmos objectos. Assim, “o inicio da internalização, ou visualização mental, de qualquer coisa constitui a primeira experiência (...) com aquilo que se chama representação.” (1). Trata-se de aquisições importantes, pois a utilização de imagens mentais e a imitação, ou seja, o “conhecimento figurativo” da criança de idade pré-escolar “desenvolveu-se a partir de acções realizadas no período sensório-motor (do ano e meio aos dois).” (2)

Ganhar competências no movimento e na música – Experiências-chave tais como movimentar o corpo, partes dele ou objectos, proporcionam situações nas quais os bebés e crianças pequenas “(...)aprendem a medir a sua força física e os seus limites e exercitam padrões de movimentos(...).” (1)

Aprender competências de comunicação e linguagem – A linguagem do bebé inicia-se muito antes de saber falar, “comunicam os seus sentimentos e desejos através (...) de choro, movimentos, gestos e sons.” (1). Quando o adulto reage correctamente aos sinais ou gestos da criança, desenvolve a sua confiança, encorajando-a no seu desejo de comunicar, pois “não são precisas palavras para veicular e compreender segurança, aceitação, confirmação ou respeito.” (1). As experiências-chave: ouvir e responder, comunicar verbalmente e não verbalmente, participar na comunicação dar-e-receber, explorar livros de imagens, apreciar histórias, lengas-lengas ou cantigas, promovem oportunidades de comunicação para os bebés e crianças pequenas que “os integra na comunidade social e lhes permite participar nela como contribuintes.” (1).

Aprender sobre o mundo físico explorando objectos – o bebé e/ou a criança mais pequena apreende as características dos objectos explorando-os activamente, numa “intensa sede de experiência sensorial” (1) através das seguintes experiências-chave: explorar objectos com as mãos, pés, mãos, boca, olhos, ouvidos e nariz, descobrir a permanência do objecto, explorar e reparar como as coisas podem ser iguais ou diferentes.

Aprender os primeiros conceitos de quantidade e de número - Através de experiências-chave tais como explorar o número de coisas, experimentar “mais” e a correspondência de “um para um” os bebés e as crianças pequenas “começam a estabelecer as bases de compreensão da quantidade e do número” (1)a ter a percepção que os objectos existem, que se podem encaixar ou adaptar um ao outro. Mais tarde, “irá conduzir à compreensão da classificação, seriação, (...) conservação do número” (2)

Desenvolver a compreensão de espaço - “A consciência e o domínio do espaço levam muito tempo a desenvolver-se” (Idem, ibidem:293). Assim, experiências-chave como, explorar e reparar na localização dos objectos, observar pessoas e coisas de várias perspectivas, encher e esvazia, pôr dentro e tirar para fora, desmontar coisas e juntá-las de novo, permitem que a criança à medida que tem uma maior mobilidade e actividade, comece “ a expandir o seu sentido de espaço” (1).

Desenvolver a compreensão de tempo – “Para bebés e crianças, tempo significa agora, (...) o presente” (1). Assim, proporcionar ocasiões de aquisição de noções básicas baseadas nas experiências-chave (antecipar acontecimentos familiares, reparar no inicio e final de um intervalo de tempo, experimentar depressa e devagar e repetir uma acção para fazer com que volte a acontecer, experimentando causa e efeito) permite à criança construir, um sentido temporal dos acontecimentos.

Bibliografia:

(1) - POST, Jacalyn, HOHMANN, Mary (2004), Educação de bebés em infantários, Fundação Calouste Gulbenkian, 3ª Edição, Lisboa.
(2) - POST, Jacalyn, BERNARD, Banet, WEIKANT, David P.(1992), A criança em acção, Fundação Calouste Gulbenkian, 3ª Edição, Lisboa.

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